➡ Sistema de ignição indutivo:
Um módulo de ignição indutiva de alta energia, como a SparkPRO e a nova bobina com módulo integrado Smart Coil FuelTech, atende boa parte das aplicações de motores customizados. Alguns benefícios desse sistema são a menor probabilidade de gerar interferências eletromagnéticas e a possibilidade de um uso diário em diversos projetos. Com a SparkPRO é possível gerar uma centelha de até 125mJ (mJ = milijoules) e aplicar 12A de corrente no primário da bobina.
Com a nova bobina Smart Coil podemos gerar 175mJ e aplicar 20A de corrente no primário da bobina. Ambos os sistemas citados podem ser utilizados em aplicações extremas com diversas configurações de motor e combustível, temos vários exemplos de motores com até 250cv por cilindro com valores de lambda no metanol acima de 0,62 que são muito bem atendidos por esses sistemas (Gol do Sapinho, SparkPRO2 com bobina dupla Bosch linha GM).
A longa duração da centelha de um sistema indutivo de ignição, que chega a 3ms (3000us) em uma Smart Coil FuelTech, significa que os 175mJ estão sendo aplicados em uma centelha longa e esparsa, sua intensidade é baixa, mas está presente por até 100 graus de revolução do motor, isso facilita a ignição de alguns combustíveis que exigem centelha mais longa, como metanol e nitrometano. Ou em situações de mistura pobre, independentemente do combustível.
➡ Sistema de ignição capacitiva:
A FTSPARK é um módulo de ignição capacitiva de altíssima energia que vem para atender os mais altos níveis de exigência para projetos extremos, sendo capaz de gerar uma centelha de 600mJ e aplicar 125 Ampéres de corrente no primário da bobina. Com essas características a FTSPARK, gera uma centelha com aproximadamente 5 vezes mais energia e 10 vezes mais corrente em comparação com uma SparkPRO garantindo a queima em qualquer condição.
A concentração da centelha de uma FTSPARK é a grande vantagem para queima de combustíveis como metanol, que em geral usam uma estequiometria abaixo de 4 partes de oxigênio para 1 de metanol (4,0 AFR no metanol - 0,62 lambda). Isso significa ter praticamente 3 vezes mais combustível vaporizado na câmara de combustão quando comparado com um motor a gasolina, que utiliza 12 partes de oxigênio para 1 de gasolina (12 AFR gasolina - 0,81 lambda). Isso exige uma centelha muito mais forte e concentrada, que seja capaz de vencer esse meio tão denso e dielétrico e, caso isso não ocorra nos primeiros 4 graus de posição do motor, em geral, causa uma falha naquele ciclo, que por não ter conseguido queimar, faz a temperatura da vela de ignição cair absurdamente e consequentemente prejudica também o próximo evento de ignição, muitas vezes causando sucessivas falhas de ignição durante vários segundos de carga do motor até que consiga recuperar, em geral já após ter acabado a passada e estar em marcha lenta por alguns segundos. Por essa razão uma ignição desenvolvida especialmente para motores a metanol precisa ter a concentração máxima de energia nos primeiros graus do motor, uma FTSPARK concentra todos seus 600mJ em 0,3ms (300us) de centelha, o que significa uma duração de centelha de 15 graus a 8000rpm, enquanto que uma bobina convencional com ignição indutiva em geral descarregou apenas 17mJ nesse mesmo período.
Uma combustão com mistura ar/metanol muito rica, usando um sistema indutivo falharia, já com uma FTSPARK o motor simplesmente perderia potência. Isso acaba impedindo o uso da antiga técnica de enriquecer ate que falhe de tão rico para buscar um lambda seguro.
A maior capacidade de iniciar a combustão com um sistema de alta energia capacitivo também é visto em misturas pobres, neste caso apresenta-se um grande risco em casos de substituição do sistema de ignição para um de alta energia sem a recalibração do motor, ou pelo menos verificação de que tipo de acerto está presente. Caso o acerto anterior esteja tendendo para uma mistura pobre, porque o sistema de ignição anterior muitas vezes não tinha a capacidade de queima completa e a faixa possível de mistura era estreita, obrigando um acerto de tal forma, que se enriquecesse a mistura falharia a ignição, e misturas mais pobres também ocorreria falha de ignição.
Falha de ignição fraca de pobre é uma falha sutil e pouco perceptível, inclusive não gera efeitos em cascata para os próximos ciclos, simplesmente a ignição não ocorre, não existe geração de energia nesta combustão e não temos excesso de combustível admitido devido a mistura pobre. Um motor pode trabalhar nessa condição e se ela for somente em situações de curta duração, digamos só em uma das marchas de uma largada, o motor tolera sem danos. Porém, quando feita conversão de ignição sem recalibração da mistura, é exatamente nessa situação que a ignição de alta energia se torna mais perigosa, pois ela será capaz de iniciar a combustão em uma faixa mais ampla de mistura, tanto para o rico como para o pobre, gerando então uma combustão de altíssima temperatura, o que caracteriza uma mistura pobre (com lambda próximo de 1,00), podendo ocasionar então derretimento de velas, cabeçote e pistões.